domingo, 5 de julho de 2009
PROJETO DE APRENDIZAGEM - DISLEXIA
ADORNO E KANT-perguntas e respostas
AUTISMO-CONHECIMENTOS E CURIOSIDADES
Leo Kanner e Hans Asperger realizaram os primeiros estudos e relatos sobre o autismo na década de 40 e foi somente na década de 90 que chegaram a conclusão de que trata-se de uma síndrome com um conjunto de sintomas, que designam "tríade de comprometimentos"(déficits no relacionamento interpessoal, na linguagem/comunicação, na capacidade simbólica e ainda, comportamento estereotipado, atentando-se para as diferenças individuais). Estudos epidemiológicos têm apontado que 70% dos indivíduos com autismo apresentam deficiência mental (Gillberg, 1990). Somente 30% apresentam um perfil cognitivo caracterizado por uma discrepância entre as áreas verbal e não-verbal em testes padronizados. Nesses indivíduos, geralmente não se identificam problemas na área não-verbal, podendo esta inclusive estar acima do esperado para a idade cronológica. O cinema encarregou-se de divulgar a noção de que indivíduos com autismo apresentam talentos especiais. Na verdade, tais habilidades estão presentes em menos de 10% dos indivíduos diagnosticados como apresentando autismo e tem sido explicadas pela combinação de comportamentos obsessivos e interesse sociais limitados ou ainda, pela tendência em processar informações do ambiente de forma específica e não global (Pring, Hermelin, Buhler & Walker, 1997).
Como aponta o texto de Cleonice Bosa: "o autismo é uma síndrome intrigante porque desafia nosso conhecimento sobre a natureza humana. Compreender o autismo é abrir caminhos para o entendimento do nosso próprio desenvolvimento. Estudar autismo é ter nas mãos um “laboratório natural” de onde se vislumbra o impacto da privação das relações recíprocas desde cedo na vida. Conviver com o autismo é abdicar de uma só forma de ver o mundo – aquela que nos foi oportunizada desde a infância. É pensar de formas múltiplas e alternativas sem, contudo perder o compromisso com a ciência (e a consciência!) – com a ética. É percorrer caminhos nem sempre equipados com um mapa nas mãos, é falar e ouvir uma outra linguagem, é criar oportunidades de troca e espaço para os nossos saberes e ignorância. Se a definição de autismo passa pela dificuldade de se colocar no ponto de vista afetivo do outro (um comprometimento da capacidade empática, como diz Gillberg, 1990) é no, mínimo curioso, pertencer a uma sociedade em que raros são os espaços na rua para cadeiras de roda, poucas são as cadeiras escolares destinadas aos “canhotos” e bibliotecas equipadas para quem não pode usar os olhos para ler. Torna-se então difícil identificar quem é ou não “autista”.
De fato, o autismo é um desafio, como coloquei no fórum, eu li, refleti mas não consigo me imaginar tendo um aluno autista!