domingo, 10 de maio de 2009

O CLUBE DO IMPERADOR

Neste filme, o professor de História da Antiguidade Clássica, William Hundert, durante as avaliações das provas que definiriam os alunos finalistas da tradicional competição chamada de “Clube do Imperador” da escola, vê-se diante de uma situação difícil. O aluno Sedgewick Bell, que havia chegado a pouco na escola, aparentemente desinteressado, arrogante e prepotente, de repente o surpreende, esforçando-se muito e mostrando capacidade de ser um dos finalistas. Porém, este aluno fica um ponto a menos que o outro aluno, exemplar, filho de um ex-aluno que já havia ganhado o título de imperador. O que ele faria? Seria imparcial, levando em consideração os resultados obtidos realmente por cada aluno? Neste caso, desmotivaria Sedgewick, que estava mostrando interesse em conseguir se sair melhor nos estudos? O que fazer? O aluno havia mostrado uma capacidade que ele não esperava, talvez aprendesse valores e virtudes com o conhecimento que adquiriria com a história dos grandes imperadores e agora que ele estava conseguindo que o aluno se interessasse por conhecimento, eliminaria ele, jogando por água abaixo o que o aluno conquistou até então, incluindo sua confiança, ou manipularia o resultado permitindo que este chegasse até a final e mostrasse todo o seu potencial? Ele decidiu por manipular a prova.
No entanto, partir destas questões que eu levantei ao assistir o filme e realizar a atividade proposta, cheguei a seguinte conclusão, conforme argumentei no texto que postei:
Podemos dizer que foi uma decisão eticamente correta, mas moralmente não. Pois o professor fez algo que não poderia, manipulou uma avaliação. A avaliação é a prova do que o aluno sabe ou não, no momento em que o professor a manipula, ele está falsificando a prova. Entra aqui também a questão da justiça. E o outro aluno, que havia se empenhado tanto para conseguir ser finalista e, realmente tinha condições, ele foi prejudicado por uma decisão parcial do professor. As decisões que tomamos conscientemente e que sabemos, que de alguma forma prejudicarão alguém, não são moralmente corretas. No entanto, como no texto “Defesa de Sócrates”, o professor fez o que no momento acreditava ser uma forma de valorização da pessoa em questão, o aluno Sedgewick. Que de arrogante e prepotente, passou a ser um ávido estudante, mostrou grande capacidade de conhecimento e aprendizagem, isso ele não tinha até então, o que justificava sua rebeldia, estava aí uma oportunidade de o professor desenvolver as virtudes intelectuais deste aluno. Ele, o professor, acreditou nisso e apostou nisso, eis que tomou determinada decisão. Talvez, pensasse ele, o outro aluno é excelente, ele já tem o estímulo através do pai, mesmo não participando da final, continuaria a prezar os estudos e conhecimentos que este lhe proporcionava. O fato de não participar da competição, mesmo que lhe deixando desapontado por um tempo, não lhe tiraria a virtude do conhecimento e do bom aluno.
Assim como Sócrates, o professor estava disposto a arriscar-se por aquilo que acreditava ser o melhor para seus alunos. Não estava preocupado com o julgamento que fariam dele, pois tinha convicção de que poderia fazer a diferença para seus alunos e que sua atuação é para o bem, mesmo que outros a questionassem. A decisão do professor poderia entrar julgamento, como a atuação de educador de Sócrates entrou, tendo de um lado os que a defendessem, e de outro os que a condenariam, dependendo do ponto de vista de quem olhasse. Por isso digo que é eticamente correta, do meu ponto de vista como professora, mas moralmente não, do ponto de vista da regras de avaliação e de justiça imparcial.

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Patrícia, como na postagem anterior sobre o filme, trazes vários elementos para continuarmos refletindo. Achei interessante essa diferenciação que propões entre ética e moral. Nos coloca a continuarmos pensando... Abração, Sibicca